Acreditar na força do verso,
no valor do poeta como guerreiro,
na palavra como arma,
é ser, antes de tudo, coeerente e verdadeiro.
Irreverente e inquieto,
ponho-me de pé diante do portão principal
da entrada irreal da minha cidade
e defendo a mim e a todos do ataque desigual
de invasores piolhentos e arrogantes,
que se dizem donos e senhores de seus semelhantes.
Assim, exercito-me a cada dia
com um hesitante exército de soldados cambaleantes,
que já não tem em si a fibra e o fogo do combatente,
mas, tao somente, a semente desidratada da liberdade roubada,
pálida, porém latente raiva acumulada,
que se lançada aos campos, há de vicejar como um trigal.
Tem o poeta os meios,
cabe-lhe o semeio.