Esta manhã de sol nem parece de inverno.
É tão morno o passar do vento no meu rosto
que aniquila a tristeza e afugenta o desgosto,
dando à vida um sentido alentador e terno.
Ante este altar azul eu rezo e me prosterno
e dou graças a Deus por tudo o que foi posto
dos homens à mercê, de modo igual disposto
para um viver feliz e um bem-estar eterno.
Nesta manhã de luz, sem nuvens pelo espaço,
canto os montes e o mar e há, nos versos que faço,
rimas sorvendo azul e tontas de esplendor.
Manhã de ouro e cristal, de exótica fulgência,
bebendo esta excitante e loura transparência,
freme todo o meu ser, numa ecolsão de amor.
Do livro: "Hora presente", Editora Guanabara, 1968, RJ