Sou preto, sou afro
Sou mulato de outra cor
Vim do engenho, das senzalas
Sou um negro que apanhou
Fui vendido como objeto
Leiloado como animal
Plantei frutas, café, cana de
açúcar
Lavei louça, fiz faxina, fiz comida
Pra os Senhores de Engenho
de Portugal
Portugueses, holandeses e ingleses
Transformaram minha
raça em comércio
Das empresas que formaram
fui vendido
Me tornaram prisioneiro na Europa
Com as guerras planejadas
que fizeram
Dos porões dos navios escapei
Sem ter água nem comida
e nem ar
Entupidos de escravos como eu
Nas fazendas do Brasil vim morar
Fui explorado, castigado, abusado
Fui surrado, açoitado, passei frio
Mesmo assim, dançei roda e
capoeira
Maculelê, candomblê
e muito mais
Fugi da escravidão e da tortura
Fui buscar a liberdade com Zumbi
Fiz a luta fui banido por soldados
Outra vez escapei e estou aqui
Negro bravo, homem forte,
corajoso
A Lei Áurea pra abolir a
escravidão
Me aboliu o direito de ser cidadão.