Vamos ao pau-de-sebo?
— Onde é o pau-de-sebo?
— Lá na esquina do Batista!
— O pau é dele?
— Diz que! Mas o dinheiro é do telegrafista.
E a cidade toda admirava o pau,
o pau do Batista, erecto, linheiro,
com seis metros de altura
e uima arroba de sebo.
— Diz-que vem a Música?
— A Musga não vem porque o Mestre tá bebo.
As cinco horas rompeu a função.
Gritos, assovios e o povo todo a namorar:
em baixo, os moleques; e, em cima,
a "pelega" nova, com a efígie de Afonso Pena,
e a nota: Paga-se em ouro na Caixa de Conversão.
E a garotada suja abraçava-se ao pau,
fazia esforço, subia,
escorregava, caía...
Rolava na areia, tornava,
lutava, fungava, escorregava, descia...
— Lá vai o negro Bastião!
— Lá vai o negro Bastião!
— Agüenta, negro! Segura, negrão!
— Eoa! Epa! Epa! Epa!...
E o negro Bastião exaltado,
todo empolgado com a cena:
— Ainda vi a cara do bruto!
— Ainda vi a cara do bruto!
(O bruto era Afonso Pena...)
O povo gozava, a canalha vibrava...
Os moleques forcejavam, lutavam, venciam,
escorregavam, enchiam os bolsos de terra
e a terra comia o sebo.
— Lá vem o negro Bastião!
— Agora é o negro Bastião
— Upa, negrinho! Upa, negrão!
Desta vez o negro tira... Tira... Tira...
Triou, tirou, tirou, tirooooooou!...
E o negro desceu com a "pelega" no dente,
pulou no chamou e amassou-a
na mão imunda e pequena,
gritando, saltando e enchendo de sebo
a cara de Afonso Pena...