Se eu fosse um pintor pintava
o teu retrato dormindo,
os olhos semicerrados,
os lábios se entreabrindo
o corpo moreno livre
o vestidinho de voale,
a combinação rendada,
de cal;ca bordada a mão...
Pintava o teu corpo ardente,
teu corpo nu e vibrante
como um gesto na amplidão...
Pintava esta terra virgem
eflorescendo estendida
na rede banca e cheirosa,
abrindo em curvas fechadas
mil estradas perigosas...
Estradas que se completam,
estradas que se confundem
não têm começo e nem fim...
Estradas que armam conflitos,
geram desatinos, tragédias,
dramas de Abel e Caim.
Se eu fosse um pintor pintava
teu corpo, essa perfeição!
E à tua nudez gloriosa,
eu chamaria: — VERÃO!
Do livro: "Ritmos e legendas", Editora Instituto do Ceará, s/data, CE