ROSA-DE-JERICÓ
Guardei no ventre a semente,
Vento arrancou-me dos campos.
Rolei pela vida demente,
Debaixo dos céus escampos.
Todas as folhas cairam,
Deixou-me com árida fronte.
Belezas todas sumiram,
Secou-me a frescura da fonte.
Da Arábia, de Argel para o mar,
Secura, cadeia mais pura,
Me pôs nesta vida a pensar
Se ainda existia ternura.
E no deserto o espinho
Feriu meu ser com cuidado.
Não encontrei um carinho,
Só peito angustiado.
A chuva que molha e esfria
Me fez renascer com o gozo.
O amor guardado sorria
Do aroma forte, pomposo.
É a graça divina que dou
Pra todos sem véu e sem dó.
Espalho pro mundo que sou
A rosa-de-Jericó.
Fernando Tanajura Menezes
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