No leito do rio Branco
Navego meus sonhos, espantos
Refaço-me dos escombros
Tantas dores, amores tantos
No leito do Rio Branco
Deito visões e revoltas
Lavo a alma bem lavada
Nas correntezas ligeiras
Deste caminho sem volta
Nado, flutuo, mergulho
Afogo mágoas antigas
Purifico meu olhar
Nestas águas encardidas
No leito do Rio Branco
Viro barco, sou peixe arisco
Estanco nos olhos o pranto
Apago dos sustos os riscos
Rio Branco, amazônico
Fugindo para outros cantos
Tragando detritos e corpos
Devorando os próprios barrancos
Descubra novos caminhos
Invente novas paisagens
Não me deixe aqui sozinho
Leva-me em tuas viagens