Se algum dia, triste e amargurada
Em seu peito quiser morada
Faça-me inquilina constante
Acerte meus passos errantes
(mas não me impeça a jornada...)
Se algum dia, feliz e extasiada
Em seu corpo quiser morada
Faça- me inquilina errante
Bailarina flutuante
Perdida na caminhada...
Se algum dia, quieta e sombria
Em sua alma quiser morada
Faça-me cega e trôpega
Estenda-me a mão num gesto
( não saia nunca de perto...)
Se algum dia, alegre e abobalhada
Em seu riso quiser morada
Faça-me caretas e arabescos
Simule cara de espanto
(diga que me ama tanto...)
E se, algum dia, as trevas
fizerem morada, enfim
Levando-me por conta da sorte
À beira do caos ou à morte
(Ajude-me, reze por mim...)
E se, algum dia, finalmente,
Eu for a nova inquilina
Da morada permamente
(no campo das dores e da paz)
Recorde-me, levando flores
Ceife todos os matagais....