A água verde, a água brava, a água móvel
e fria
Do mar que eu nunca vira, e me assusta e me atrai
As ondas sacudindo as saias de cambraia
Na sua eterna dansa.
Tudo é imenso: o horizonte, o azul do céu, a praia
O sol que ofusca, o grande vento amargo
Soprando no ar.
Tudo é imenso em redor, assustadoramente,
E eu, tão pequenininha, agarrada a Papai.
De súbityo, na vaga enorme que se apruma
E corcoveia,
O mergulho... E no meu ouvido, e nos olhos, na boca
Numa agonia louca,
O cheiro, o gosto, o atrito, a possessão do mar!...
Gritos... pranto... Na areia
Estica-se o lençol buliçoso da espuma
Mas não dura um momento,
Outra onda que via, outra onda que avança
E, outra vez, a iminente asfixia
E o refluxo outra vez puxando para o largo,
No vondysnyr vai-e-vem do eterno movimento.
Será que o mar das ondas não
se cansa
E, coitado, não queira alguma vez parar?