Eu sou o olhar da madrugada...
Sou a bruma no mar borbulhante!
Sou o horizonte no fim da estrada...
Sou o sorriso na face infante!
Sou a estrela eqüidistante
Ao sol que inflama a Terra!
No deserto sou o viandante...
Sou a paz que vence a guerra!
Sou a placenta que a vida gera,
Sou o gene, a têmpora e a mão!
O coração vence a quimera,
Pois sou o vate que faz canção!
Sou o escriba da pena de ouro,
Sou a areia que faz o castelo!
Sou o europeu, o índio, o mouro...
Pinto a cor e a sombra velo!
Sou a chuva e a montanha,
Sou o pó e a entranha!
Sou o capitão do teu navio,
Sou a vela que balanceia...
Sou a mansidão que move o rio;
Sou o mar, o lago , a sereia...
Sou o solo mais fecundo,
Sou a flor da Primavera!
Sou a onipresença neste mundo:
Sou o palácio e a tapera!
Sou o trópico e a geleira,
Nívea neve, cinza tufão!
Sou o leito e a cabeceira
Na correnteza do ribeirão!
Sou Terra, Lua e Plutão,
Sou a roupagem da estação!
Sou o botão do teu jardim,
Sou a incandescência do vulcão!
Sou a asa do querubim;
Sou o cajado e o ancião!
Sou o Caminho, a Vida, a Verdade!
A imaginação com fertilidade...
Sou a grandeza que perfaz a glória,
Sou o começo e o fim da história!
Sou a penumbra e o arco-íris...
Sou o Poeta-primaz do mundo:
Poderás me ver quando tu vires
Na superfície o mais profundo!...
Sou o Mentor dos desvelos teus,
Tua Árvore da Vida, Eu Sou o Teu Deus!