Eu faço este poema para as mulheres feias.
São elas
Que sabem amar,
verdadeiramente,
Porque aprenderam a sofrer
A dor de serem feias.
Amor,
Sem sofrimento,
É contemplação,
E contemplação
É sossego extasial,
Tão diferente da
vida,
Agitação cruel,
Em busca de significação.
Eu faço este poema para as mulheres feias,
Que passam as noites desejando,
Ternurosas,
Não um príncipe encantado,
(Elas nunca acreditam em príncipes encantados),
Mas um homem simples,
Que seu fruto humano
Queira colher
À beira do caminho.
Eu faço este poema
para as mulheres feias,
Pois seu amor
É um poema da realidade
existencial,
Realidade nua das coisas,
Que as mulheres bonitas
Nunca hão de compreender,
Se não no dia em
que ficarem feias.
Eu faço este poema para as mulheres feias.
Do livro: "O Livro de Ruth", Green Forest do Brasil Editora, 1999, SP