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Vermelho, cravo, girassol de amianto,
ninféia, cinamomo, goivo, azálea:
vinde florir em mim. Vinde, agapanto,
íris, gladíolo, rosa, bifrenária.
Vinde florir. Crescer. A primavera
tomou conta de mim. Meu corpo morto
é estrume que fermentos transfiguram
em seiva. Vinde. Florescei no horto
que cresce sobre a campa onde me oculto.
Dareis ao céu a luz que se irradia
dos meus olhos defuntos. Carne abjeta,
Sou vosso esterco. Vosso pasto. Vinde
papoulas e violetas, que o meu sangue,
rubro será de novo em vossas pétalas.
Do livro: "Poesia Moderna", Edições Melhoramentos, 1967, SP;