Ave, que um canto alegre modulando,
Passas cortando a abobada infinita,
Sei que a ventura no teu peito habita
Porque no doce canto o vais mostrando
Eu não te invejo a sorte; é bem querida,
Essa que a lei do meu destino dicta!
Bem como o teu, meu coração palpita
Crente, feliz, abençoando a vida!
Tu vôas alto, ás nuvens rastejando,
Da phantasia na azulada esphéra
Brincam também meus sonhos revoando...
E assim vivemos cheias de alegrias;
— Tu cantas o fulgor da primavera
— Eu canto a primavera dos meus dias!
1897
Da Revista Lyrio, 1903, PE