A treva esconde a face delicada
Do Salvador exangue sobre a Cruz,
Porque fugia do sol a própria luz
E a natureza treme horrorisada.
Nem um conforto! Só a desvelada
Mãe comprimida ao lenho de Jesus
Sente pungir-lhe n’alma desolada
A dor cruel que a penna não traduz.
Silencio, trevas, magoa, confusão!
Eis terminada a lúgubre Paixão
Consummou-se a tragédia deicida.
Abriu-se o eco, oh! justos, exultae!
Flori boninas! Aves gorjeae
Saudando a humanidade redimida!
Da Revista: "O Lyrio" nº 18/19, abril e maio/1904,
Recife/PE