pouco
pela face negra as lágrimas descem
e salgadamente misturam na boca
os embolados dos desabafos condenados
inundações
maremotos de passados
conclusões jamais concluíveis
choros nunca suficientes
eternamente insatisfatórios
há uma mãe que abandonou sua cria
nas valas do descaso
um verso interrompido
há um colo que foi negado
um vazio impreenchível
há um adeus por demais prematuro
que as lágrimas tentam revelar
no pranto do intraduzível
é salgada demais a saudade do que não foi
e que busca interpretar o desejo imaginado
são lágrimas pela face negra escorridas
embolados na boca
atravessando todas as dificuldades dos ocultos
todas as paredes erguidas na garganta
despencando de uma só vez
as avalanches das feridas vivas
pouco
tão pouco posso fazer!
olho a face negra
que chora o pranto inchorável
e quero ser lenço de seda
bordado de ungüentos mágicos
secar esse choro
que não é meu
e que engulo como se meu fosse
mas é só isso
é pouco
tão pouco o que posso fazer!
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