Adormecem no final do dia
No meio da rua
No meio da noite sem lua
Apenas sob pálidos ares
No meio da madrugada
Pergunta-se o que foi construído
O que se destruiu
Quer se saber qual a estrela de luz maior
Qual a espera menos incerta
Qual a história dos olhos teus,
Meu amor.
Sobretudo cantam
Assim como respiram, pensam e amam
Cantam
Em diversos tons e vozes próprios
E braços unidos desagarrados da hora.
Todas as coisas boas que puderes sentir
E apreender do mundo
Faça-as transbordar através do corpo
E da alma
Em sorrisos, falas
Então verás, como é bonito te ver brilhar
Meu amor.
Sob o sol do meio-dia inventam
Os sentimentos são rosas veneráveis
E os destinos mal traçados
Pedaços de vida sobrevividos
Em incessantes cores
Rimas desconcertantes
E em um apelo eterno ao só ato de existir
Que é aprender a amar
Se a palavra tem sentido
É porque acreditas
Se queres, pedes aos céus numa oração uma dádiva
E mesmo teus ecos serão escutados
Saberemos então, que jamais se tornarão finitos
A tua fé e o teu amar
Meu amor
Simplesmente vivem
Dia a dia
Cotidianam
Constróem novos verbos
Procuram os caminhos certos
Criam sonhos
Aguardam deuses
Riem dos risos mais bobos
Também bebem da bebida de outros
E erram.
E se não aspiram, gritam
Se sentem dores, choram
Para somente, no final de tudo
Descansarem incertos sob seus prantos
Ou qualquer grande sentimento escondido
Pela luz que se esvaí
No entardecer, em suas almas,
Sob a sombra das esperanças todas
Meu amor.
E mesmo que lhes digam
O amor é coisa efêmera
Nasce com a noite
Morre com o dia
De modo algum se calam
Ainda que dia ou noite
Apaixonem-se e feneçam.
Pois o sorriso e a lágrima são as provas
O riso do choro nasce
O choro do riso que não se esquece
O que se vive e o que se sente
O que se perpetua em nós
Para sempre, a contar histórias no nosso andar.
Meu amor.