admito:
tem que ser de circo
para conviver comigo.
 

 


 

Ballet do adeus

Na ponta dos pés
em meia ponta
gotas bailarinas
descortinam os olhos
interpretando
o adágio da despedida
Essas aves-meninas
cristalinas
rodopiam suaves
girando em fouetté
no tablado da face
Agonizando
olhos marejados
pelo corpo de baile
vejo-te ao longe
partindo no lago
protagonizando
a coreografia
do último ato
 
 

Origami

Numa tarde qualquer
o amei
Fui o papel espelho
que ele vincou
Ficaram em mim
as marcas desse atropelo
(e de seus dedos)
Enquanto fui só amor para dar
(e medo)
Ele apenas brincou
de me dobrar…
 
 


danúbio azul

blues, ouvia
de vez em quando.
choro, todos os dias.
meses atrás,
dançava tango.

olhos azuis-siameses,
há mais de ano
a (en)cantam.

em compasso de espera
pelo toque do gato,
ela marcou passo
a três por quatro.

"straussada",
val
sou.

                                           Valéria Tarelho

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