O SALTO DO PEQUENOTIGRE
CONTRA O BAFO DO COISA RUIM

(para Vinícius Daumas)

pequenotigre sorri
em sobressaltos
suas unhas (agora aparadas)
revelam todo o poder

ele faz rolamentos
sobre o tatame
corre desembestado
em duplos mortais

a platéia, atônita
ri e chora enquanto
a mais formosa dama
convida-o sorrindo

matraqueiam os tambores
insinuantes de cio
narrando o salto definitivo
robusto como gladiador

do outro lado um cheiro
é o bafo do coisa ruim
expelido na sombra
de pequenotigre

fura a lona do circo
fazendo aparecer a lua
para desdém da deusa
que desmaia apaixonada

pequenotigre agora
com seu salto completo
atira um cravo para ela
que é toda fêmea

mas coisa ruim libera
nova baforada
despetalando o cravo
espalhando espinhos

com o rosto pálido
quase triste, pequenotigre
nem pensa em desistir
desta vez, todo jasmim!

vai meu herói
toma este lenço
grita a grande fêmea
esfuziante e quente

coisa ruim humilhado
mal se move de medo
pequenotigre, definitivo
salta para o espaço

coisa ruim chora
tenta um estratagema
mas vira presa do público
que vaia gulosamente

a princesa e o tigre
se amam para a platéia
que desfaz-se em prantos
e irrompe em aplausos

Jiddu Saldanha

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