Violinos Mágicos
nas tuas cordas
minhas ruas, avenidas, desertos
que começam e não tem fim
a fascinação
sucessões de estações que se despedem
num mundo que se repete
e volta para dentro de mim
abrem em pautas de abismos ou cumes
passagens que deixam marcas
dos sentimentos suspensos no tempo
efêmeros instantes
presenças e ausências dispersas
num melancólico doce vôo
fluxo da melodia do poeta
espetáculo dos solfejos e notas
imagens ao sabor do silêncio
da enternecida poesia
luminosa fenda
entre uma frase e uma pausa
uma palavra ou uma corda
em devaneios do coração
os violinos da lua
mendigos das nuvens
famintos de sonhos, de estrelas
num demorado adeus
nos jardins da solidão do sol
ou no vagar do rio
que sabe onde encontrar o mar
nas tardes que morrem os suaves dias
acordando a música
onde dorme a noite.
Maria Thereza Neves