N'UM BAILE
(OUVINDO O PIANO)

                À Catharina d'Albuquerque

Cantas! e a tua voz clara e sonora,
Pelo espaço, vibrando docemente
Leva a harmonia ao coração contente
Como ao ninho de uma ave a luz da aurora.

No entanto vês: me torturaste agora!
Teus sons echoam para mim somente
Como os dobres de um sino ermo e plangente<
Como o aflicto soluço de quem chora...

Cantas! e, enquanto a tua voz bemdicta
Por toda a sala a multidão se agita
Nas expansões de um sonho satisfeito,

Eu sismo triste sobre um sonho morto,
E, em vez do goso, abrigo o desconforto
E a saudade gemendo no meu peito!...

                                                    Edwiges de Sá Pereira

Da Revista: "O Lyrio", fevereiro de 1904, PE

« Voltar