A SERENATA

         A. D. Olga de Suckow

Plenilunio de Maio em montanhas de Minas!
Canta, ao longe, uma flauta e um violoncello chora.
Perfuma-se o luar nas flôres das campinas,
subtilisa-se o aroma em languidez sonora.

Ao doce encantamento azul das cavatinas,
nessas noutes de luz mais bellas do que a aurora,
as errantes visões das almas peregrinas
vão voando a cantar pela amplidão afôra...

E chora o violoncello e a flauta, ao longe, canta.
Das montanhas, cantando, a nevoa se levanta,
banhada de luar, de sonhos, de harmonia.

Com profano rumor, porém, desponta o dia,
e na ultima porção da nevoa transparente
a flauta e o violoncello expiram lentamente.

                                                 Augusto de Lima

Do livro: Symbolos, Typ. G. Leuzinger & Filhos, 1892, RJ

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