O ARTESÃO
As mãos do homem teciam
no espaõ do abraço
o balaio.
"Lá no Maranhão..." — dizia —
(dizia enquanto fazia).
E os dedos rugosos trançavam
as filhas lisas da meninice.Há dois dias, não existia balaio:
era palma que ondeava
o ar de aninhados pássaros.Agora é cesto acabado:
de vento e verde forrado.
Contém o que nele cabe:
fruta, flor e pão, criança, trabalho.
(Também o sonho intricado
de tecer com as próprias palmas
um continente adequado
a seus irmãos operários.)
1976lka Brunhilde Laurito
Do livro: "Sal do Lírico" , Edições Quírion, 1978, SP