QUEM SOU EU?
(HOMENAGEM AOS POETAS)
Alguém que ama, que chora, sofre e ri
Que adora liberdade, odeia impunidade
Acredita no ser humano, corre da maldade
Da infância distante, sente saudade.
Adora poesia, detesta água fria...
Gosta de música, arte, cinema, teatro
Da madrugada, da noite, da boemia
Da conversa de bar, não existe melhor lugar.
Que escreve, se esforça e se lança
Naquilo que aumenta o prazer de amar.
Nem sempre o que faz é firme, balança
Mas caminha sozinha no mundo a sonhar.
Sou quem ama Carlos Drumond que tinha uma pedra no caminho;
Que se encanta com o Guma do Jorge Amado e o amor da Zélia.
Chora com as canções do Gonzaguinha, de se perder, de se achar...
E com a mulher rendeira do Gonzagão que ele ensina a namorar.
E em certos dias quando penso em minha gente,
trago o Vinicius na mente, e sinto assim todo meu peito se apertar...
Pasmo com a poesia da Florbella Espanca que lê
no misterioso livro do teu ser, a mesma história tantas vezes lida.
Amo Cora Coralina, que fazia poemas de amor
tão meigos, tão ternos, tão teus... Não sei... se a vida é curta...
Sou o Enigma de Clarice Lispector quando penso
Que "tenho várias caras. Uma é quase bonita,
Outra é quase feia. Sou um o quê? Acho que um quase tudo, talvez.
Ando no rastro dos poetas, porém descalça
Quero sentir as sensações que deixaram por aí.
Canto as canções do Jobim e vejo o Corcovado ,
o Cristo Redentor, a garota de Ipanema...
Como João Bosco e Aldir Blanc, procuro Henfil num rabo de foguete...
Vejo um bêbado com chapéu-coco que me lembra o Carlitos.
Meu coração bate outra vez com a esperança do Cartola
E volto aos jardins para me queixar com as rosas
Fico em silêncio porque as rosas não falam,
exalam, simplesmente, o perfume que roubam de ti...
Do Mário Quintana, meu amado, existe um "Bilhete"
Pedindo que deixe em paz os passarinhos
Porque, se me quizeres, não gritará nos telhados
Me amará em paz, devagarinho, baixinho, porque
a vida é breve... vocês passarão e eu passarinho.
Enquanto isso, gritas em meus ouvidos e nada dizes
Deixa de me amar e faz meus dias passarem tristes
Entoa cobranças, me tira a esperança
Faz a vida mais do que breve, faz a vida vazia.
E Como Cecília Meireles, eu sou.
Em seu poema "Motivo da Rosa" ela ainda não sabe quem é, e diz assim:
"Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?"Meg Klopper
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Obs.: Os grifos em itálicos são frases utilizadas pelos autores das obras mencionadas