SETEMBRO NEGROE
naquele dia
Deus, quem sabe, tarde acordou
ou, até mesmo, se petrificou
perante sua própria criação.E
nas entranhas de um espaço hipócrirta
certezas desabaram ao chão:
enterrando mortos
enterrando vivos
desenterrando o medo.E
o punhal que fere ainda ferirá
ou inocentes
envoltos na bandeira da arrogância
ou inocentes
cobertos com o véu sagrado, há tempos, sujos de sangue.E
falsos líderes
em suas seguras poltronas
assistem tudo pela televisão.E
eu daqui da minha, pergunto:
— Por que, Deus, criaste o homem?
ou
— Por que, homem, criaste esse deus?Flávia Martin