O inferno é aqui

Manda as bombas
e abre as feridas
as chagas
que nem fecharam ainda
espalha os pedaços
sobre os campos;
um plástico preto por cima
se houver
e acende vela nenhuma
que é melhor estar no escuro
Manda os corpos pelos ares
as almas pro inferno em pares
para que procriem
para que a raça não pare
para que a fome não passe
e a miséria não cesse
Manda os corações aos cães
e os cães aos putrefatos
ratos dos seus esgotos
que estão inundados
de mais que se possa prever
Manda a fúria e a desculpa
e que o dente por dente
não o impeça de comer
os seus próprios restos
que nada além há de haver no final
quando o sono se for.

                                        Patrícia Evans
                                        Fevereiro, 2003

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