É Março.
Por esta altura
Todo o chão é de erva tenra
Ora verde ora amarela
Tantas as flores surgindo
Do sono invernal que finda
Vestem-se árvores de noiva
Cruzam-se linhas de sombra
Sob os raminhos floridos
De encontro ao céu azul
Ai abrir-me nele qual asa!
Penetrá-lo e perder-me
Dentro da paz infinita
Como se o ar me tragasse
Me sugasse, me embebesse
Desaparecendo fosse
A sorrir, sempre mais alto
Donde pudesse ver tudo
Fundindo-se, meu irmão!
Sem outra diferença que não
Conter vosso coração
Batendo-me dentro do peito
E olhar melhor se estando
Já meio fora do mundo
É Março
Tudo renasce mas
Neste meio tempo treme
Em suspense, a paz do mundo
10 de Março de 2003
"NÃO MATARÁS!"Agarrou-se à arma
como se a um crucifixo.
O padre benzeu-o:
- Vai, meu filho!Palavras não eram ditas
vieram as asas de prata
com soldados a tremer nas barrigas
(já ouviam as balas!
Sentiam-nas
como a verdadeiras f'ridas!)Na fita negra das pistas
aterraram as águias.Aconchegaram as bandoleiras
cruzadas
sobre o peito das fardas
e saíram para a arena.- Em Frente, Marche!
Marcharam em dinissauros de ferro.
Arrasaram com as lagartas, aldeias.
Estriparam cidades inteirassangue
sangue negro e gritos...- Vai, meu filho!
Maria Petronilho