"Construtores de cabeças"
A natureza se vinga,
Gesta o vento de cem mil pés,
Arrasta duas mil cidades por segundo
A onda gigante come as pernas e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu, o mar e a terra
Clama inocência
Caixões feitos de dinheiro
Cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
Junto com as nascentes
Tempo de desespero de planetas e homens,
O tiro saiu pela culatra,
Nada tem detido a avalanche,
Nem deuses, nem internautas
Sou poeta, homem de fé inquebrável,
Cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan e outros construtores de cabeças
Ergo taças de sangue
Atirando dardos de coragem
Aos que estão perdendo a batalha
O poeta príncipe de metal
Acorrenta os cães
Dos dentes de estricnina a sua cintura,
Arranca do pâncreas das águas o tumor
Ele, o Rei de marfim, sustenta congressos de sóis
Nos corredores do intenso
E espalha especiarias orgânicas
Dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo
Orquídeas imensuráveis precipitam-se
Dos furos das pedras e das cavidades vermelhas
Alargando pétalas sobre os corpos
Das estrelas que esqueceram que são estrelas
Edu Planchêz