O Raimundo do Brasil
Sabemos sempre que as crianças pertencem às mães
Mas aqui nesta terra elas saciam a pedofília estrangeira e nacional
Ao nascerem pertencem a si mesmas
Pelas orlas pelos postos de gasolina
Pelas ruas poeirentas pelas ruas povoadas
Pelas ruelas ou pelas estradas
Por todos os lados ali estão
São milhões pequenos exércitos mutantes
Brancos mulatos negros mamelucos cafuzo
Entrincheiram-se em expectativas melancólicas
Frente à ausência de futuro
Órfãos em terra própria
Nossas crianças ainda tenras
Vão deixando de ser crianças
Perseguem os seus perseguidores
Exalam cheiros fortes de seus corpos
Acostumados com os olhares assustados
e entorpecidos
Exploração e injustiça prosseguem
Esmagados os que se levantam
Escondidos e educados insinceros
despojados de ética numa ganância tirânica
Os filhos do capitalismo configuram e selam essa
Sociedade macabra!
Neuza Ladeira