Soneto da Paz
Este soneto é natureza morta,
Traço na alvura, sombra de uma flor,
Sinal de paz que inscrevo em cada porta,
Gesto, medida de comum valor.
É letra e clave, é módulo que importa
Na redução da voz, do som. Calor
Do que vivido foi e inda comporta
Palpitação de implícito lavor.
Moeda que correu por muitas mãos,
Brinquedo que ficou perdido a um canto
Num lago de esquecidas esperanças.
Mas nos seus versos fecho os sonhos vãos
E em notas claras digo, exalto e canto:
– Paz! Paz! Brincai, adormecei, crianças!Joaquim Cardozo
Fonte: http://jeffersonbessa2.blogspot.com.br/2009/10/soneto-da-paz-um-poema-de-joaquim.html