O BANQUINHO
No Champs de Mars
as folhas despedem
do outoho
e há rostos estranhos
nos cantos conhecidos
As primeiras luzes
da noite
levam namorados
bem alto
na Tour Eiffel
que silente
ouvirá promessas
de eterno amor
No crepúsculo
de cartão-postal
ciprestes, oliveiras
e largos canteiros
onde rosas dormidas
aguardarão a primavera
ao lado das derradeiras flores vermelhas
Ali o meu banquinho
verde
dos tempos idos
Além dos degraus
de saudade
da École Militaire
o drapeau bleu-blanc-rouge
enfeita velhos edifícios
Recordações
de um tempo feliz
passm na esquina da casa de flores
e na porta escura do 59
que se abre à minha saudade
e deixa passar o amigo suave
ao meu lado
silencioso
compreendendo tudo
Mauro Salles
Do livro: "Recomeço", Objetiva, 1999, RJ