VOLTA AO FAROL
Não tem pressa
aquele que recomeça.
Lavadas por grossos pingos de chuva
as ladeiras estão limpas
de toda e qualquer modernidade.
Velho é tudo o que revejo:
O mar revolto, o navio na linha do horizonte<
a tarântula parada no muro do farol.
Faz frio — única diferença.
Longe do corpo
o pensamento passeia ao sol.
À BEIRA DAS COISAS
Os astros estão a postos
como a amplidão
que eu avisto lá dentro do nada.
Tão inútil o luar neste momento.
Verde algum tinge a folha
que eu supunha esverdeada.
Choro por mim que não sou vento.
Lenilde Freitas
Do livro: "Cercanias", João Scortecci Editora, 1989, SP