O vestido ainda está sendo bordado

Vivo assim como você que nada tem que falar, mas fala...
Bordo o meu vestido como o tempo me borda.
Ferida no bordado não me deu tempo, às vezes vivendo o que não quero.
Comendo conjecturas, introduzindo sonhos neste pesadelo...
Minha alma não vendo, não troco, não dou!
Longe de eu, olhar esse céu azulado na tela pinicada de vermelho.
No canteiro de flores amando-as o instante que não pode ser retido...
O flamenco e a exposta alma, sabem que não mais burlam.
A dança é pura razão.
Nos passos uma natureza cotidiana,
No vestido bordando um tempo de sonho meu.

                                                                                    Neuza Ladeira

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