A construção de um navio
requer harmonias
e razões inéditas.
Para que seu leme
perceba um destino,
exige-se a prontidão cívica
dos sonhadores.
Um convés que comporte
a salinidade sob estrelas
e um rumo que o norteie
para além da precisão da noite
faz-se necessário,
para que o brilho
de sua história se concretize.
E o processo de velejar
sobre os matizes
o incorpore à ruidosa
estação do mar,
que o tange para sempre,
para além da noite
e da vertigem.
Do livro: Recomendações aos sonhadores, Imrpimatur, 2001, RJ
Estes navios que vejo
sob os meus olhos acesos
são o cortejo que passa
dos meus sonhos adernadosandam à deriva
vindos da noite das horas
aos meus apelos se chegam
aos meus afagos se calamcom seus tombadilhos
de vento
desenharam no meu rosto
meus inventários
de areiaFrancisco Orban
Do livro: Cesto das canções com pássaros, Levitã, 1994, RJ