ESPELHO

Quieto me posto ante a fatalidade
Na antiga dor por este amor perdido,
Qual fantasma no espelho refletido,
Que silencioso o meu quarto invade.

Hoje outra voz está em seu ouvido
E a sua ausência é uma realidade,
Povoa-me o silêncio da saudade
A envolver o nosso tempo ido.

Nossos momentos não existem mais,
E o recordar não bastará jamais
Como remédio à ânsia sem apelo.

Ainda assim a sua imagem insiste,
Como uma luz que à escuridão resiste
Ao longe a refletir-se em meu espelho.

                              Geraldo Peres Generoso

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