O SINO

Fiz este sino
com papéis velhos
trapos de livros
e jornais lidos
anúncios vários
obituários...

Sino irmão gêmeo
das caravelas
feitas de páginas
de caderno,
simplificadas
para a viagem
junto às calçadas
levando ao leme
o vento do inverno.

De novo às torres
brancas da infância
subo — menino —
para acordá-lo
zonzo de som:
que hoje tocá-lo
com mãos adultas
nâo fôra bom.
Tremo de ouvi-lo
dobrado assim no
seu campanário
de ideal ladrilho,
entre o azul do ar e o
chão que palmilho.

                    Geir Campos

Do livro: Arquipélago, in Canto Claro e poemas anteriores, Livraria José Olympio Editora, 1957, RJ

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