A JANELA

Não consigo escrever
diante dos morros

Estão sempre à minha frente
quando corro

Não sei se o que me perturba
é o barraco ensolarado

Ou é a casa que habito
e seu ar acomodado

Nem de noite. Nem de dia
Na primeira são as luzes

Na manhã, desarmonias
entre a terra e o asfalto

Entre o chinelo de dedo
E o salto.

                          Suzana Vargas

Do livro: Sem recreio, Achiamé, 1983, RJ

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