telefone
O telefone
não pode
me inventar
palavras densas.
Palavras humanas
que me esquentariam dentro do frio
terrível
ou me irmanariam
nesta casa.O seu tear de núemros
não tecerá
as combinações
que detonar]ao meusmuros.
O seu tigre
n]ao urrar[a sozinho na noite branca.O telefone
no seu silêncio
fala-me
do meu silêncio
a um catavento
Era um dia
eu ainda não marcava datas
piou
em mim
estranha ave de lata
voando presa
na cumeeira das casasme ensinou
os cardeais da distância.Aprendi
nos seus cantos mudos
a linguagem das cartas
as merdianas sentenças
a amar os carteiros
e todas as formas mensageiras.Paulo Nassar
Do livro: Alfabeto sem visão, 1982, Edições Pindaíba, SP