Tristes estátuasAlheias a ultrapassadas façanhas
onze aranhas armam teias encorpadas
no fio da espada de um general de bronze.Em protesto à soberba
de quem em certo momento
deu as cartas, ditou cátedra,
um passarinho exacerba.
Seu indignado excremento para tanto se presta:
atinge em cheio a testa de um deputado de pedra.Já o imortal, esculpido em madeira,
sofre quieto, contrito,
ante a gula sorratiera
do cupim nada erudito.Assim as estátuas
impassíveis nos pedestais,
pomposas e indefesas,
tecem mágoas e tristezas,
mais uns sonhos impossíveis
de caminhar pelos parques em manhãs dominicais.Wanderlino Teixeira Leite Netto
Do livro: Café pingado, Muiraquitã, 2012, Niteroi/RJ