as coisas
as coisas estão longes
acordo desajeitado
tateando pai e mãe
que já não existem
mil buzinas em meu ouvido
traçam uma linha
de um lado, o sonho
do outro, o refletir de um sol
pelas pedras
as coisas estão longes
os ponteiros engulo
para não morrer ali
para não morrer amanhã
para não morrer sem ritual
programado
as coisas arrastam os meus armários
Paulo Henrique Pressotto
Do livro: "Sal da Cor", ed. Arte & Ciência, SP, 2003