Porque somos artistas...
CHAPÉU
Por todos caminhos e vias
havia um cheiro de sangue;
que o derramo todo dia
provando este meu derrame,
que sangro, logo estou viva.
Sangue que não pinga, jorra,
explode onde é minha porta,
o meio que arde entre os seios,
e sempre vermelho escarlate,
o veio entre os meus seios arde.
Havia no ar este cheiro,
por todas as vias que veio,
jorrando sangue vermelho,
esta minha chaga viva,
não cicatrizada ferida,
privilégio por ter nervo,
porque eu fervo e a morte esfria.
E ainda há quem diga
mesmo sendo forte este cheiro
que eu não encaro a briga
só porque sou poeteiro
e que minha cabeça é no céu
Mas porque o sou e é no ceú
ainda em jorro sangrando,
eu permaneço singrando
e passando meu chapéu.
Patrícia Evans