O SEU BONÉ 

É um boné ideal, de feltros e de plumas,
que ela usa agora, assim como um turbante turco,
aveludado, doce como algumas nuvens
matinais que rolam no levante.  

Lembro quando ao vê-lo a rubra marselhesa,
lembro sensações e cousas de prodígio
e penso que ele tem a máscula grandeza
desse sedutor, vital barrete frígio!...  

Às vezes meu olhar medindo-lhe o contorno
e a flácida plumagem que serve-lhe d'adorno,
— satânico, voraz, esplêndido de fé!

Exclama num idílio cândido e singelo,
por entre as convulsões artísticas do Belo,
— Oh! tem coração e alma, esse boné!...

                                                        Cruz e Souza

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