VELHOS RETRATOS

Velhos retratos de amarelas bandas,
de borrados perfis e assinaturas,
me pareceis sacrílegas guirlandas
emersas, vis, de cremações escuras.

Velhos retratos... Toscas sepulturas,
salientes nas paredes das varandas...
Almas penadas, vivas nas molduras
trazidas por atávicas cirandas...

E que sóis vós, ó lugubres corbelhas?
Já não vos quero nas paredes velhas,
mulheres gordas... (?!) Bisavós de preto... (?!)

Eu vos condeno à morte. Vinde! Vinde!
Queros vos dar o derradeiro brinde
aqui nas crepes vãs deste soneto.

                               Miguel Russowsky

Do livro: "...Confeitos de quimera", Ed. Alcance, 2000, RS

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