CORES

Gostem outros do rubro, a cor viva incendida
Que lembra a chama, a guerra, as tintas flamejantes,
Seja o verde esperança a imagem enaltecida,
A mais apreciada em vários cambiantes,

Queiram outros o azul que evoca os céus distantes,
O manto de Maria, o sonho, o amor, a vida;
Ou seja a cor nevada a excelsa, a preferida
Ou de um belo dourado os tons mais cintilantes,

Hei de sempre exaltá-la e dar-lhe a preferência
Pois, em vez de beleza, atrai-me a transparência,
A graça, a candidez e a tímida expressão

Desse roxo violeta a lina cor discreta,
Que traduz nostalgia e tristezas do poeta,
A saudade, a amargura e a dor de um coração!

Minha Estrela

Declina o dia... e nuvens cor-de-rosa
Vão adornando as fímbrias do poente,
No espaço azul de leve transparente
Surge uma estrela tímida e radiosa.

É a primeira. Eu fito-a carinhosa,
Enquanto vou pensando tristemente,
Ao pôr-do-sol, à hora transcendente
Em que a saudade vibra angustiosa.

Em breve o céu se mostra marchetado
De estrelas, e assim belo, constelado,
Como é sublime e traz inspiração!

Eu procuro então ver a minha estrela
Que fitava entre todas a mais bela,
Mas não posso encontrá-la na amplidão.
                                                      

                                               Francisca Clotilde