“Quando era criança,
Falava como criança,
Pensava como criança,
Raciocinava como criança,
Depois que me tornei adulto,
Deixei o que era próprio de criança”.

Paulo de Tarso I Cor. 13:11

Cores Escondidas

Quando eu era criança
Meu corpo buscava a perfeição do mundo
As cores maternas
A ilusão das máscaras...
                                                 Naquele tempo elas não existiam.

Quando eu era criança
Desarticuladas palavras me alegravam
O mundo, as flores, amarelinhas
Tudo era tão puro, límpida poesia...
                                                Naquele tempo tudo era imaculado.

Quando eu era criança
Pensava como criança
Sorria como criança
Sonhava como criança...
                                                 Naquele tempo existiam sonhos.

Daí então eu virei adulto
Meu corpo atrofiou-se diante do mundo
As cores tornaram-se cinza
As máscaras enraizaram-se.
                                                 Era o meu próprio infanticídio.

Quando eu virei adulto
Busquei a solidão das palavras
O silêncio, o micro, a calculadora
Tudo resumido em máculas...
                                                 Era o fim da poesia.

Quando me vi adulto
Não pensava, sentia dor de cabeça
Meu sorriso era amarelo e sem luz
Meus sonhos eram amanhã...
                                                 O amanhã das cores que escondia.


                                                       Darlan Alberto Tupinambá Arapujo Padilha/Dimytryus