DOS OLHOS OUTRORA VERDES
Pesam os olhos vermelhos
De infinitos cansaços
O ar parece sereno
Mas doem-nos tanto os braços
Nada tendo mais que alcancem
Do que horizontes vazios
No inclemente braseiro
Nossos sonhos consumidos
Procuro a força e o brilho
Da verde esperança em meus olhos!
Morre o verde círio de nossa primavera
vou contra a roda
denteada
perra
onde crescem algas
de esperança morta
morre o verde círio
da nossa primavera
mastigam-nos caladamente
a vida
com palavras de embalo
anulando
o nítido sentido
com que ousámos berrar,
civilizadamente,
basta!
Maria Petronilho