SONETO VERDE  

Pela tarde estival solenemente calma,
o verde se enriquece aos graus da caloria
do sol que tudo aquece vai ao fundo d'alma
fazer brotar a flor do encanto e da magia.

O verde é quente e suave e as convulsões acalma
em grata sensação que vem da luz do dia...
O bem dentro de mim seu leque verde espalma
como um hino de amor nos mares da harmonia.

E este verde ideal que entre outras cores freme
é mais bonito até que o verde de Paes Leme
que se deixou morrer pela esmeralda em flor.

Pelo verde-esperança e no verde embebida
sinto no verde a cor da qual ressuma a vida
como um rio de paz, como um sonho de amor.

                                                        Elisa Barreto

Do livro: Sonetos, O Recado Editora, 1995, SP