AMARELOS

Naquele dia de palavras abertas
seroma, pus, camada imersa,
decidi unir-me ao tempo.
Sentada à praça de livro em punho
tão nelas submersas
atei-me a ele tentando fingir leitura.
Pupilas iam e viam na mesma palavra
Tal qual tecla retesada:
[Amor]

O frio excessivo goticulava orvalho no cabelo
tão espesso e punido por um autocorte envelhecido,
Cor sem brilho.
[Baço]

Essa é a palavra em que agora vidra o olho
“o mundo não é cor de rosa”
Soprou-me um espírito revoltado.
Mas  um  Ipê se despetala
e feito Van Gogh, pinta a cena fria
em tons de infinitos
Amar.elos