Eclipse

a lua espera
debruçada na janela
se vestir de sol


 

Sou lua:
com fases, que não são quatro,
mas muitas, instáveis,
frágeis e oscilantes
como as marés
à mercê
do tempo mutável. Escondo-me e mostro-me
nos contínuos fluxos.
Pairo suspensa e inquieta
no brilho sonâmbulo da noite.
Ilumino a solidão dos amantes
e as feições dos prantos poéticos.
No meu eclipse, sou o próprio Sol. Vago em órbita excêntrica
e distante
do eixo consciente.
Tenho faces ocultas
com crateras, pegadas
de astronauta,
elipse,
esfera,
fera, dragão. Pareço incompleta,
mas junte-me no fim dos ciclos
e me verás inteira
e luminosa.

                             Solange Firmino

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