FLOR LUNAR
Ando pensando em assassinar
a lua.
Quero pegá-la na hora
mais vesga,
quando todos os sonhos
estiverem desfeitos.Então andarei soturno
ante as flores sonhadas.Farei silêncio, como a lua o fez;
não lacrimejarei palavras,
como as flores o fizeram;
serei lua minguante,
como a lua o foi...Então assassinarei as flores,
deixarei apenas as lunares
que já são órfãs.Por último,
abrirei os olhos de todos
os sonhos para que vejam
a outra lua não assassinada.E como mártir pedirei
à metade que falta,
que sepulte-me sob
a primeira flor desta
nova terra.Valdir L. Queiroz
Do livro: "Libertar Passarinhos", Ed. Blocos, 1999