LUA

É nestas horas em que sofro e tento
vencer o tédio, víbora refece,
que o teu vulto à lembrança me aparece
num mais doce e maior deslumbramento.

Vem como a clara lua que esplandece,
inesperada, por um céu nevoento;
minha alma se ergue, então, no alheiamento
de uma dorida fervorosa prece.

Ó clara, ó alta, ó refulgente lua,
se te elevas meu ser também se eleva,
e onde vais flutuando ele flutua...

Rompe das nuvens o pesado véu!
És a única luz por esta treva
e o derradeiro encanto deste céu.


                                  Amadeu Amaral

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